Cultura do Algodão Comum x Algodão Orgânico

Você sabia que o Brasil tem o maior mercado de agrotóxicos do mundo e por isso, acaba sendo também seu maior consumidor? O mais incrível, nossa produção de algodão é responsável por cerca de 25% do total do consumo do agrotóxico inseticida, sendo 11% de pesticidas. Um deles é o glifosato, o mais vendido e consumido no mundo. É usado para matar ervas daninhas nas maiores culturas agrícolas - soja, milho, trigo, café e, claro, algodão.

Todas estas produções, juntas, sustentam as vendas dos agrotóxicos no Brasil, apesar de pouco mais de 2% de nossa área ser destinada à agricultura.

Tem alguma coisa errada, não?

Só com estes dados, você já começaria a dizer não ao algodão comum.

Mas poderia ainda estar longe de sua realidade.

Porém, quando se pensa que com um 1kg de agrotóxico se contamina cerca de 1 milhão de litros de água, começamos a entender o tamanho do problema que ameaça a nossa torneira.

Para o cultivo do algodão convencional, são 26 aplicações de agrotóxicos no mínimo. Isso quer dizer que esse veneno bate todos os dias na porta de sua casa, ou melhor, entra sem ser convidado.

O que mais assusta é o consumo anual médio por pessoa: são 6 litros de agrotóxicos consumidos pela população brasileira, ou seja, uma pessoa de 80 anos, teve que colocar seu organismo para trabalhar e lutar contra 480 litros de agrotóxico consumido sem escolha!

Bem, aí você começa a enxergar a enorme responsabilidade da cadeia produtiva da moda. Nós podemos fazer diferente e ser um segmento mais consciente, desde a matéria-prima, passando pelo produtor e indo até o consumidor.

Por isso, utilizamos o algodão orgânico em todas as nossas linhas. Quando analisamos que ele também é responsável pela geração de emprego e renda (sim, é preciso mais da mão humana e menos do veneno sintético!), aí sim, entendemos que os trabalhadores podem ser capacitados para esse trabalho com uma relação mais justa e menos escrava. Vale a pena pensar no “comércio justo e solidário”!

Agora que você conhece as vantagens, pode fazer escolhas mais conscientes, que afetam toda a cadeia produtiva para o bem comum.

Quer saber mais? Veja esse quadro:

Além dos problemas de saúde causados por estes inseticidas e pesticidas, o algodão é responsável pela bissinose, uma disfunção pulmonar causada pela aspiração crônica de fibrilas de algodão.

Em comparação aos tecidos sintéticos, o algodão consome maior quantidade de energia, principalmente quando falamos em combustíveis – muito utilizados pelas máquinas agrícolas, tratores e pela de energia das máquinas de fiação e dos processos de lavagem, secagem e passagem a ferro.

Apesar de serem de origem renovável, a degradação do solo e dos lençóis freáticos pela agricultura convencional compromete sua renovação.

As fibras do algodão são em suma recicláveis, entretanto, por conta de seu curto comprimento, o processo é dificultado. Os resíduos são aproveitados basicamente para fazer fios grossos e barbantes.

São utilizados por kg da fibra de algodão produzidos cerca de 7 a 29 mil litros de água na irrigação – lembrando que a cada 1 kg de agrotóxicos, são contaminados aproximadamente um (1) milhão de litros de água.

Portanto, lavouras convencionais de algodão são extremamente agressivas ao ambiente, aos animais e aos agricultores, pois são os que mais utilizam agrotóxicos no mundo – como se trata de uma produção que não é comestível, muitos pensam que não há problemas em exagerar nas doses de pesticidas. O que infelizmente, faz com que cerca de 250 mil agricultores adoeçam a cada ano no mundo. Fator mais do que necessário para entendermos que não podemos continuar a consumir esta fibra a não ser de forma orgânica.

Benefícios do algodão orgânico

A cultura do algodão orgânico é uma solução para diminuir o impacto ambiental. Um estudo (baseado nos produtores dos cinco primeiros países que estão no topo dos maiores cultivadores de algodão orgânico no mundo – Índia, China, Turquia, Tanzânia e EUA), mostra que, em comparação ao cultivo convencional de algodão, há grandes reduções em: consumo de água, emissão de gases, acidificação, eutrofização e demanda de energia primária. Com isso é possível concluir que a cultura de algodão orgânico se mostrou 46% menos instigante ao aquecimento global do que a cultura do algodão convencional.

O cultivo do algodão orgânico também preserva a saúde do solo graças à utilização do sistema de rotação de culturas (que alterna o mesmo espaço de plantio com outra espécie, de modo que os nutrientes do solo não se esgotem). descartando assim a necessidade de fertilizantes sintéticos – o que explica seu menor consumo de água.

Não há uso de pesticidas, pois as pragas são combatidas com a inserção de espécies predatórias benéficas ou com outro tipo de planta que seja mais atraente para esses insetos. Como a plantação do milho que ajuda a prevenção do bicudo e as ervas daninhas são retiradas manualmente e os agrotóxicos são desprezados.

Com tudo isso, é preciso de mais gente para trabalhar – gerando mais trabalho e renda e uma melhor capacitação dos trabalhadores. Essa prática, possui uma relação mais justa entre todos os trabalhadores que participam da produção – conhecido como “comércio justo e solidário” (fairtrade), que garante uma remuneração justa e uma parceria transparente e saudável entre os agricultores que, em comparação com a produção comum que, ainda hoje e em muitos lugares do mundo, faz uso de mão de obra semi-escrava.

Submetendo os agricultores a condições de trabalhos desumanos e uma remuneração muito abaixo do necessário para garantir sua dignidade humana – sem qualquer equidade.

Conheça algumas cooperativas brasileiras de plantio de algodão orgânico/agroecológico:

• JUSTA TRAMA;
• COOPNATURAL;

Empresas Têxteis que utilizam algodão orgânico (fibra importada);

• ARADEFE MALHAS;
• MENEGOTTI MALHAS;
• DALILA TÊXTIL.

Órgãos de certificação de algodão orgânico (plantio);

• FAIRTRADE;
• GOTS;
• ORGÂNICO DO BRASIL
• IBD.